Textos
2 de março de 2015
Ficha técnica
2 de março de 2015

Críticas

Marina

Críticas

Crítica do espetáculo Marina
JORNAL DO BRASIL
Caderno B
19 de agosto de 2010.

Poesia debaixo d'água
Espetáculo de bonecos junta Andersen e Caymmi
por Macksen Luiz

O grupo de animação de bonecos PeQuod, com mais de dez anos de fundação, mantém repetório afinado com a experimentação de várias linguagens do gênero. Utilizando técnicas diversas de manipulação, atores que dividdem com os bonecos a cena, e narrativas que procuram dramaturgia própria, o coletivo tem demostrado permanente inquietação e pesquisa. Do cinema, importou os tons sombrios em Filme Noir, de Ibsen, a transcrição de Peer Gynt, do Nordeste brasileiro, A chegada de Lampião ao inferno, e atualmente, no Teatro III do CCBB, Marina, uma adaptação de A sereiazinha, de Hans Christian Andersen, com músicas de Dorival Caymmi.

Desta vez, a novidade está nos bonecos que "atuam" na água, embalados pelas canções praieiras de Caymmi. Com cenograia que distribui em quatro aquários e pequeno tanque os quadros que contam a história da sereia que se desfaz em espuma, o Pequod propõe concepção de musical, com as letras das canções ilustrando a trama da pequena sereia. Com iluminação que valoriza o cenário dos aquários, e bonecos com elasticidade que os fazem parecer nadar, se percebe a qualidade da execução de cada um deles, e o bom uso do material que permite criar a ilusão de que flutuam. Na junção de atores e bonecos e na concepção cenográfica atraente, criam-se enquadramentos em que os cortes visuais dão uma dimensão, ora reduzida, ora ampliada da cena.

A direção e dramaturgia de Miguel Vellinho, a cenografia de Carlos Alberto Nunes, a iluminação de Renato Machado e os figurinos de Daniele Geammal compõem comunicabilidade envolvente. Algumas imagens alcançam um lirismo visual, como a que se segue ao prólogo em total escuridão em que belos barcos, delicadamente iluminados, sobrenadam em cena como flutuantes condutores de um imaginário poético.

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