ESTREIA: NOVEMBRO DE 2001

LOCAL: TEATRO DO JÓCKEY, RIO DE JANEIRO

ELENCO ATUAL: LILIANE XAVIER, RAQUEL BOTAFOGO, MÁRCIO NASCIMENTO E MÁRCIO NEWLANDS

ELENCO ORIGINAL: MARIANE GUTIERREZ, CLÉBER DE OLIVEIRA, MÁRCIO NASCIMENTO, MÁRCIO NEWLANDS

 

PRÊMIOS: PRÊMIO MARIA CLARA MACHADO DE TEATRO INFANTIL (CATEGORIA ESPECIAL)

INDICAÇÕES: PRÊMIO MARIA CLARA MACHADO DE TEATRO INFANTIL (MELHOR CENOGRAFIA E MELHOR ILUMINAÇÃO)

Espetáculo vencedor do Prêmio Maria Clara Machado de 2003 na Categoria Especial, pela excelência da confecção dos bonecos. A montagem foi realizada para comemorar, em 2002, os 500 anos da obra de Gil Vicente, o primeiro dramaturgo da língua portuguesa. Esta farsa, escrita em 1512, é protagonizada por um hortelão idoso que se apaixona por uma jovem freguesa. Embora ela não corresponda ao seu amor, o Velho acredita tê-la conquistado, enganado por uma trapaceira que se faz de intermediária do romance, apenas interessada em arrancar algum dinheiro do ingênuo hortelão.

Foi buscando estimular e desenvolver o Teatro de Animação do Rio de Janeiro que o RIOARTE e a Secretaria Municipal de Cultura decidiram criar a Coordenação de Teatro de Bonecos e de Animação. Além de programar representantes desta Arte em diferentes Teatros da cidade, de realizar uma Mostra Internacional de Teatro de Animação de grande êxito, de realizar Oficinas, de organizar uma exposição e de apoiar instituições e grupos ligados às Artes do Boneco, a Coordenação ganhou do RIOARTE o papel de selecionar grupos e projetos que pudessem ser patrocinados em sua criação. Por sua oportunidade e consistência, o espetáculo O Velho da Horta foi um dos merecedores deste patrocínio. No ano dos 500 anos de Gil Vicente, uma das pedras fundamentais do Teatro em língua portuguesa, O Velho da Horta tem, ainda, o mérito de levar o autor ao conhecimento das crianças e jovens, com toda a riqueza plástica e técnica de um Teatro de Bonecos da maior qualidade. Mais do que isto, esperamos que o patrocínio à criação deste novo espetáculo consolide a existência de um Grupo que, por sua seriedade, empenho e garra, vem-se constituindo um dos maiores expoentes do Teatro de Animação do país.

Luiz André Cherubini
Coordenador de Teatro de Bonecos e de Animação
da Secretaria Municipal de Cultura da Cidade do Rio de Janeiro

Quando nos surgiu a idéia de montar uma peça de Gil Vicente, em virtude dos 500 anos de seu primeiro trabalho para os palcos, vimos que seria a chance de montar, do “nosso jeito”, um texto clássico. Das 15 obras que lemos do autor português, foi justamente a última, O VELHO DA HORTA, que veio ao encontro de nossos moldes, ambições e custos: uma peça raramente montada, com poucos personagens e um humor bastante atual.

Um atrativo especialmente interessante da peça era o tema do amor desmedido e suas conseqüências, já enfocado de modo irônico em nosso primeiro espetáculo, Sangue Bom. A impressão era de que os diálogos inexistentes no trabalho anterior da companhia estavam escondidos há muito nesta graciosa comédia quinhentista.

Recriar o ambiente do Velho, reproduzindo a horta em miniatura, era um desafio e tanto. Não menos complexa foi a tarefa de tornar o texto inteligível aos ouvidos de agora, passando ao largo das empolações medievais e das notas de rodapé. Após várias adaptações, estão lá a picardia e os versos característicos de Gil Vicente, prontos para a nossa cena com bonecos.

Falar do amor sem medida pode parecer tolo numa era que clama por objetividade. Mas o amor deixou de ser importante? Pelo contrário, vivemos num mundo pequeno demais, globalizado demais e, no entanto, sentimo-nos cada vez mais sozinhos. A complexidade deste sentimento continua a dificultar sua compreensão plena. Vêm daí tantos enganos, tropeços e quedas.

A farsa O VELHO DA HORTA, escrita em 1512, já insinua esta falta de compreensão, que causou tamanha dor ao protagonista. Encená-la para os jovens deste século não é simples, pois é preciso atenção redobrada. O nosso esforço é para que se entenda desde cedo que o amor, ainda que cego, é capaz de nos tornar seres humanos muito melhores.

Miguel Vellinho, texto do programa

Crítica do espetáculo O VELHO DA HORTA
O ESTADO DE SÃO PAULO
Caderno 2
26 de setembro de 2003.

O prazer do amor maduro
Dib Carneiro Neto

Texto farsesco de Gil Vicente ganha montagem para crianças e alerta para o descaso com os idosos

Depois da bem-sucedida temporada no Rio, em que arrebatou prêmios como o da RioArte/Maria Clara Machado, na categoria especial, concorrendo também com cenário e iluminação, está em cartaz no Centro Cultural São Paulo o espetáculo de bonecos O Velho da Horta, da Cia Pequod de Animação.

Vale a pena prestigiar com toda a família ainda que não seja propriamente um espetáculo infantil. A presença dos bonecos – aliás, muito bem confeccionados e manipulados – não é garantia de que a peça entretenha os pequenos por muito tempo. Falta um certo ritmo e um pouco mais de graça (não só humor, mas leveza, doçura) na concepção do grupo dirigido por Miguel Vellinho.

Dois fatores fazem o melhor de O Velho da Horta: o cenário e o tema. A enorme horta em miniatura que se estende pelo palco é competentemente encantadora. Sozinha, a cenografia do espetáculo é capaz de estimular a fantasia da platéia – e não é o que se espera de todo cenário no teatro?
Quanto ao tema, trata-se do amor maduro, do amor na terceira idade, retirado da farsa homônima escrita pelo português Gil Vicente em 1512. O velho do título cai de paixão por uma das jovenzinhas consumidoras de suas frescas hortaliças, porém ela não só o despreza, como o rouba e o engana. Ainda assim, ele a ama cego e ingênuo, retirando desse amor todas as forças para prosseguir animado na velhice.

Num tempo em que a velhice é cada vez mais encarada com preconceitos e a terceira idade carece de condições mínimas de respeito e solidariedade, uma peça que escancara o amor sem medidas e sem limites de idade é programa obrigatório, social e didático. Para ajudar a criar um ser humano melhor.

Direção: Miguel Vellinho
Elenco: Liliane Xavier, Marise Nogueira, Marcio Nascimento e Márcio Newlands
Adaptação do texto: Rosita Silveirinha, Márcio Newlands e Miguel Vellinho
Cenografia: Carlos Alberto Nunes
Figurinos: Kika de Medina
Direção Musical: Maurício Durão
Iluminação: Renato Machado
Ass. Teórica: Rosita Silveirinha
Ass. Direção: Márcio Newlands
Músicos: Maurício Durão (teclados), Eduardo Camenietzki (violão) e Kleber Vogel (violino)
Confecção dos Bonecos: Mariane Gutierrez, Márcio Newlands, Bernardo Macedo e Miguel Vellinho
Esculturas: Bernardo Macedo
Fotografias: Simone Rodrigues
Realização: Cia. PeQuod – Teatro de Animação

Público-alvo: infanto-juvenil
Classificação: livre
Espaço: Palco a italiana com boca de cena com largura máxima de 10m e mínima de 6m (largura ideal de 8m); mesmas medidas para a largura do palco, profundidade mínima de 6m (ideal, 9m), altura de urdimento mínima de 4,5m (ideal, de 6m). Duas pernas em cada um dos lados do palco. Rotunda ou fundo preto.
Duração do espetáculo: 60 minutos
Tempo de montagem: 8h
Tempo de desmontagem: 3h

Necessidades Técnicas – Pessoal e Equipamento

Pessoal de apoio à montagem: 1 eletricista e 1 cenotécnico
Equipamento de som: mesa com 12 canais, amplificadores e caixas. A potência do equipamento deve estar adequada às características do local da apresentação.
Equipamento de luz: mesa de 48 canais com 04 kws por canal, 22 PAR foco 2, 02 PAR foco 1, 04 PAR foco 5, 12 Elipsoidais com íris, 01 PC (Plano Convexo), 02 araras ou torres laterais, extensões de diferentes tamanhos, máquina de fumaça.

Cenário e equipamento
Peso: aproximadamente 350 kg
Volume: 03 cases (1,50m X 1,10m X 0,75m)
Equipe: 04 atores-manipuladores, 01 operador de luz, 01 operador de som.

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